Posso ter feito algumas outras
mexidas na cozinha antes dele, mas nenhuma importa, porque foi ele, o primeiro
sabor feito pelas minhas mãos, que provei e aprovei. Lembro-me dos antigos
brigadeiros, feitos com gemas, das festinhas infantis, desde sempre meu momento
mais esperado em qualquer comemoração de aniversário; por essas lembranças,
sempre o faço, pode ou não ter festa e beijinho; é bolo e brigadeiro para ter
parabéns a você, e não tem essa de dizer que não se tem mais idade para cantar
o “parabéns”, para merecer o docinho é preciso voltar a ser criança, encher a
boca d’água e roubar alguns antes de cortar o bolo. Mas o melhor de tudo, e de
aprender a fazer quando ainda é criança, é que não precisa esperar festa de
aniversário, é simplesmente fazer e comer de colher, rapar a panela enquanto
esfria no prato. O brigadeiro é tão bom, que é bom cremoso como o da casinha de
doces de Atibaia, ou até quando empelota e gruda no dente, como a Dida gosta. E
por falar na minha prima, sem esquecer que até hoje preciso esconder os
brigadeiros dela antes das festas, outro dia, quando fazíamos brigadeiro para
assistir filme, percebemos, emocionadas, que o tempo passou, somos a outra
geração, aquela que deixa a última colherada para as crianças. Mas não foi
assim tão simples, foi em meio a uma disputa pela panela, com a Ana Luíza, a Julia
e a Laura Maria; então nos demos conta de que temos concorrência com a outra
geração, entendemos que não somos mais as crianças, e os melhores brigadeiros
agora são para e por aqueles que foram chegando assim, querendo rapar nossa
panela. E as amamos mais que brigadeiro!
Hoje há muitas receitas de
brigadeiro. Mas como assim? Para mim, brigadeiro que não é “negrinho”, é outro
doce, com outra forma e cor. Se depender de mim, o brigadeiro continuará sendo
brigadeiro, de leite condensado Moça, macio, em bolinhas com granulado, ou em
colher puxento.
A receita que faço, a minha
tradicional receita de brigadeiro, aprendi por volta de 1980, ajudando a
preparar a festa da minha primeira afilhadinha, a Camila, e a receita é da
minha madrinha Wilma, mãe da Camila e da Michele, minhas duas afilhadas
queridas. Até hoje, quando faço mais de uma receita para festa, coloco em uma
tigela como a que vi em cima da geladeira na casa delas e aguardei ansiosa a
hora de enrolar, e a festa, e o parabéns, e enfim os docinhos, portanto me
comportei como uma madrinha, embora fosse tão criança como a afilhada aniversariante.
Bom, chega de conversa e vamos à
receita:
Brigadeiro
Ingredientes:
1 lata de leite condensado
1 lata de leite
1 colher rasa de margarina
2 colheres (sopa) de chocolate em pó
1 colher (chá) de mel (opcional)
Preparo:
Coloque todos os ingredientes em uma panela com fundo grosso. Leve ao fogo alto mexendo sem parar. O leite vai ferver e precisa cuidado para não derramar; para evitar que derrame, abaixe o fogo e/ou retire um pouco da chama e volte logo em seguida. Mexa até engrossar e abrir caminhos no fundo da panela. Tire da panela, deixe esfriar e enrole do tamanho que desejar, passando no granulado.